The Project Gutenberg EBook of Anthero do Quental, e Ramalho Ortigão, by Álvaro do Carvalhal This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Anthero do Quental, e Ramalho Ortigão Author: Álvaro do Carvalhal Release Date: June 1, 2010 [EBook #32645] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ANTHERO DO QUENTAL *** Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search)
COIMBRA—IMPRENSA DA UNIVERSIDADE
{3}
Amigo! Contente com a alma sublimemente burgueza, que tu me conheces, vejo com pasmo, do limiar da minha porta, desfilar a soberba cohorte dos predestinados, que vão quebrando lanças em prol do bello, do ideal, do justo, por elles espremidos em guindadas theorias, capazes de reduzirem as cabeças mais bem construidas e duras á triste condição de um fructo podre de maduro. Vejo-os, e não com indifferença, porque sou curioso e adoro tudo o que me dá assumpto para o mexerico. Ora bem; o mexerico: ahi tens a razão principal da minha carta; ahi tens a razão porque descruzo as mãos de sobre o abdomen para tomar a penna do escriptor. E que escriptor!
Além d'isso acrescia em mim o desejo de te offerecer um delambido manjar, com que podesses, se te aprouvesse, augmentar a abundancia, que se accumula sobre a mesa dos perdularios e lambareiros colleccionadores.{4}
É tal porem a nossa terra, tal a natureza das relações, que apertam seus habitantes, que nem sempre ha permissão de se abrir á luz do dia um pensamento franco, por inoffensivo que seja. Assim dou razão do modo arrastado e fadigoso, porque apparece a minha tardia carta.
Ha muito que anda, a coitada, no extravio d'esses correios. Veremos se pela nova forma, que hoje lhe dou, logra emfim chegar-te ás mãos. Perdeu ja todas as pretencões a levar-te novidade; pois não é muito que rumoreje em Villa-Real o que, por cá, é objecto das quotidianas palestras.
Nada obsta, todavia, a que conversemos amigavelmente; e muito mais quando se tracta de um teu amigo, e teu companheiro, lá nos venturosos tempos, em que ainda eras academico.
Fallo do sr. Anthero do Quental.
E, já que transpareceu na téla, d'elle me occuparei primeiro; mesmo porque o conheço mais de perto: de o ver passar na rua, e de lhe fallar ás vezes.
Conhecel-o não é ser seu amigo; não é seguir-lhe as ideias; não é pôr cobro á imparcialidade.
É pois—necessito que o creias—é sem lisonja, consciencioso, imparcial, que me abalanço a esboçar-lhe aligeirado perfil do retrato litterario, correndo a vista por esses arraiaes agitados e accesos em contendas porfiosas de litteratura.
A carta do sr. Anthero—primeiro grito de alarma—fez mais que mostrar-nos um talento, revelou-nos um caracter. A dignidade das letras—além de ser novo attestado do conceito em que tinhamos seu auctor, veio confirmar as ideias anteriormente expendidas.
Eis o que o sr. Ramalho Ortigão está disposto a não conceder por forma alguma.
Eu conhecia este escriptor portuense por um retrato grosseiro, traçado por alguns malquerentes, de que nunca se livrou o homem mais cauteloso, uma vez que tomou para{5} si a missão de julgar das cousas a seu bel-prazer, com franqueza ou sem ella, sem curar muito em se adequar ao gosto e sabor das multidões. Alguma cousa me dizia, porem, que o retrato tinha seu quê de infiel. E, com effeito, o escripto, que hoje me veio á mão, acabou de me desenganar.
O pequeno folheto do sr. Ortigão, pequenissimo para o grande titulo, que o decora, porque se chama—Literatura d'hoje, é um como espelho em que se não perde, me parece, uma feição do auctor. Elle mesmo mostra desejal-o, porque dá relevo, com frequencia e não sem calculo, á sua individualidade, como se lhe pesasse deixal-a nas sombras do quadro. É o homem das cidades, que se vae sentar, com o seu charuto, em frente do confortativo fogão com a paxorra de um sybarita, ancho como um professor, que legisla do cimo da sua poltrona o despotismo da palmatoria, terror dos meninos, que não sabem a lição. Na linguagem é, a meu ver, perfeito. Não cede livre curso á imaginação para não atropellar o bom-senso; nem, tão pouco, rebaixa a dignidade de escriptor á grosseria de termos plebeus. Suas ironias e sarcasmos são, por assim dizer, aristocraticamente petulantes e azedos. A palavra apparece rigorosa, e sem esforço, á evocação da ideia suggerida. E não é facil entrever-lhe brecha por onde possa infiltrar-se algum travor do ridiculo. Todavia fica a gente desconsolada por ver manchado todo esse asseiado composto na sordida pobreza de verdade.
Que me não queira mal pela sinceridade. É a minha unica arma. Veremos se saberei dar-lhe, com ella, plena satisfação em boas razões; boas ou más, consoante as tenho.
Mas, antes de ir mais longe, quero prevenir-te, meu Castello-Branco, de que não sou tão presumpçoso, que ouse criticar. Havia de fazel-o se soubesse. Assim, venho simplesmente fazer-te a innocente declaração do modo como avalio o escripto do sr. Ortigão em face dos escriptos do sr. Anthero.{6}
Este, disse eu, que, na sua carta, productora d'esses alvorotos revidos e impotentes, offerecera á luz do dia o fiel traslado do seu caracter. E quem deixará de ver do tumultuar harmonioso d'aquella magnifica phrase, naquella prosa eloquente, a declaração de intimas convicções, depuradas, pelo fogo da imaginação, num estudo aturado, serio e reflectido?
O sr. Anthero tem alguma cousa da inflexivel virtude do homem primitivo, que não cáe bem no ambiente, saturado de artificio e de impostura, em que vivemos. Vê até longe, pela intelligencia, os vicios e as degradações sociaes, e quer passar pelo meio d'elles impolluto, com a mão na consciencia, despreoccupado das glorias do mundo, sempre austero e sobrio. Sente, e diz o que sente numa linguagem toda d'alma, sem se importar com o agrado ou desagrado do sr. Ortigão. Bem ou mal acolhido nada parece ter com isso. Olha mais á dignidade do homem do que á chilra ostentação do litterato. Isso, porem, está longe de significar que saiba tragar um insulto com evangelica paciencia.
Ahi tens os homens e os escriptores.
Não digo que não seja falsa a minha apreciação. Se for, desde já rejeito o aphorismo bem sabido de todos—o estylo é o homem.
Mais um arredondamento e um colorido nas feições, e podemos seguil-os no combate.
O escripto do sr. Ortigão constitue uma galeria, enriquecida de retratos, que o auctor intenta caricaturar, esquadrinhando laseiras ou disformidades onde são perfeitas as formas, e velando chagas onde ellas são manifestas. Tem um modo seguro e dogmatico de dizer as cousas, que enrodilha e leva a imaginação descuidada na sinuosa compostura de bem jogadas palavras, dispostas com criterio um tanto acima do ordinario, e tambem com não ordinaria e decidida—má-fé. Desagradou-me, e desagradaria a todos,{7} a crueza sarcastica com que assetteia o sr. Castilho, que, de qualquer maneira que o apreciemos, seja elle como for, quaesquer que sejam as suas intenções, merece ser venerado pelos vastissimos conhecimentos adquiridos em tantos annos de estudo e, em parte, patenteados numa prosa, que ninguem excedeu ainda; ou mesmo, e principalmente, pelas traducções, que o sr. Ortigão menospreza, e que, todavia, são thesouros de riqueza para uma lingua, e modelos preciosos para os que aprendem. Nos seus livros tem elle—é crença minha—um escudo poderoso e magico contra o qual se quebrarão as armas mais bem temperadas de seus detractores. Attribuem-lhe, é certo, actos que o deslustram, pouco generosos, e pouco nobres, que poderiam ser filhos, como eu cuido, da simples e ephemera vaidade de deixar na sua passagem seu nome celebre, preso a alguma anecdota ainda mais celebre, que o fizesse lembrado na praça, no café, na familia. Não é raro encontrarem-se caprichosinhos de similhante jaez em agigantados talentos. São estes, porem, como a seara luxuriosa e medrada, que esconde e afoga, nas opulencias de seu viço, as enfezadas parazitas, que se lhe enroscam no pé, só visiveis a olhos de lynce, ou a olhos de alguem que, mal intencionado, de proposito as rabusca.
O litterato porem faz esquecer essas pequeninas cousas.
E, se a alguem, offendido, por qualquer motivo, assistia o direito de lhe exprobrar a culpa, esse, quer-me parecer, não devia ser nunca, quem não acha recursos na mais pura lealdade.
Não imagino que alguma cousa possa affligir e irritar tanto o melindre e vaidade do escriptor como a cavilosa estrategia do critico, que se afez a arrastar-lhe as ideias verdadeiras e boas no labutar de palavras, que elle torce e retorce, amoldando-as a contrario sentido com grave detrimento da boa hermeneutica. O sr. Ortigão, neste ponto, é critico muito para ser receiado.{8}
Como me distraem occupações mais serias contento-me em citar um ligeiro exemplo, dando de mão a algumas das asserções anteriormente aventadas, que eu me reservo confirmar quando m'o exijam. Isto, porque já me tarda a entrada no campo em que, Ruth de novo genero, me propuz respigar.
Saboreia tu, meu Castello-Branco, a estrategia, que abaixo descubro, e aconselho-te que pautes por esta todas as outras, que elle por ahi recortou em imagens de polpa, e por vezes elegantes.
Disse o sr. Castilho, criticando o Poema da mocidade, na fallada carta ao editor, disse que a poetica hodierna concede até certo ponto mesclar-se o burlesco pelo serio; e comprovou-o com a citação do D. João de Byron, do Diablo mundo de Espronceda, etc., accrescentando, em remate, que ao poeta, em questão (o sr. Chagas) não convinha imital-os.
Isto a proposito de certas desgraciadas e truanescas concepções, desenvolvidas em versos chocarreiros e unctuosos no malaventurado poema de supradicto poeta. Nada mais justo, e mais para se louvar, do que a delicada solicitude de mestre e de amigo com que o sr. Castilho reprehende sem offender.
E queres saber a conclusão tirada pelo sr. Ortigão? Brada que não pode ser aquillo tomado a serio; que o sr. Castilho zombava quando tal disse, e, muito mais, porque, decorridas poucas linhas, elogia aquelles versos tristes, que dizem que
as folhas seccas caiam
com leve bulha no chão,
versos comparados a outros versos tristes de Myllevoye.
E prosegue clamando que a autoridade d'este moço, de intelligencia quasi ephemera, é cruelmente anteposta ao{9} exemplo dos gigantes, que reformaram as litteraturas de Hespanha, Inglaterra e França.
Como se engana o sr. Ortigão! E como é para lastimar que a sua espiritada intelligencia se demore nestes sophismasinhos escholares!
O sr. Castilho não denota, numa palavra sequer, preferencia a Myllevoye. Nem ao menos o compara com Byron, Espronceda, etc. O que elle faz é aconselhar cortezmente o sr. Chagas a deixar o infatuado e infantil intento de seguir as pisadas de Byron. Aconselha-o como a prudencia aconselharia o temerario icaro da fabula a não se avisinhar do sol, se estimava em alguma cousa a tolissima existencia e as pobres azas de cêra. E já assim não acontece com Myllevoye, que o proprio esmiuçador portuense confessa, sem quebranto da historia, que era dotado de quasi ephemera intelligencia, e que portanto podia, com um pouco de exagero, ser apontado como norma, e servir mesmo de confronto ao sr. Chagas, que, apesar do afamado poema, tenho para mim que lhe não falta merecimento.
É por outra forma mais liza, mais portugueza, mais nobre, que o sr. Anthero encara na sua carta o chamado principe dos nossos poetas. Arrebatou-me aquella linguagem austera e verdadeira. Digo verdadeira, porque é sentida e franca, e não, de certo, porque o meu humilissimo entendimento ouse partilhar taes ou similhantes ideias.
Appareceu o athleta como era desejado, á maneira dos typicos luctadores da estatuaria grega; appareceu descoberto e desassombrado, porque vinha forte nas suas convicções.
O sr. Ortigão tambem appareceu; mais prudente de certo, mas bem mais astuto e aggressivo. Pediu forças lizas e combateu, afagando os antagonistas, conduzindo-os por comoros de flores para os presentear com envenenados bouquets.
Onde estão as forças lizas? Vejamos.{10}
Fiz por definir os contendores. Agora vamos vel-os em campo.
Confessa o sr. Ortigão que, apenas obtida a carta do sr. Anthero, a folheara guloso e açorado; e que começara a lel-a pelo fim. Causou-lhe profunda magoa—diz elle—ver phrases insultuosas e provocadoras... E continua em estylo de dom cavalleiro, provocador e insultuoso, que não tem duvida em se arriscar no dissaborido jogo da tapona comtanto que, antes d'isso, o deixem tornear periodos de sympathica energia.
A mim pasmou-me tanto o novo modo de argumentar, que por pouco não deixava passar a desgraçada contradicção em que o nosso critico se precipitara. Engalfinhado no perfido desfecho da carta, e vencido da justa colera, que assalta as almas generosas em lances taes, esqueceu-se por força de que esse desfecho não é mais do que uma logica e necessaria deducção dos principios largamente expostos antes, principios, que permaneceram inabalaveis, embora a pesada indignação do sr. Ramalho lançasse pelos ares, esphacelada, a malaventurada conclusão. E permaneceram inabalaveis, porque elle, longe de os destruir pela raiz, perfilhara-os no seu folheto.
Uma vez provado que o illustre critico lavrou, á sua parte, titulos de futil, deshonesto e tonto ao eximio poeta dos Ciumes do bardo, mais digno por certo de respeito e acatamento, ha de admittir-me sem contestação, a não intervir algum desmoronamento no intelecto nominal, que tambem o não admira, nem respeita, nem estima; que está plenamente de accordo com o sr. Anthero; que se contradisse emfim.
Mas, para que o aranzel não vá de longo fastidioso, convido-te, meu paciente Castello-Branco, a abrir o folheto, que se intitula—Litteratura d'hoje.
Tu me dirás se pode levar-se a serio que um homem, que presa sua boa nomeada, não tema expor ao confronto{11} as insultuosas, empeçonhadas e, ao mesmo tempo, divertidas paginas, que se referem ao sr. Castilho, com a pagina 36, retezada de nobre e dramatica indignação com que o auctor se desmente a si proprio, condemnando nos outros o mesmo, que elle acaba de praticar, não generosa e varonilmente, mas com a covardia do escarneo, rebuçado em espirito, que, oriundo das bandas d'além dos Pyreneus, gastou nos pincaros da cordilheira, quando a transpunha, frescura, suco e odor.
Pois lá, na boa sociedade, de que nos dá noticias, será uso fallar-se a linguagem do ridiculo e do escarneo a não ser com um futil estonteado[1]?
Pois faz-se espirito á custa do homem, a quem depois se lavra diploma de honesto e grave[2]?
Pois consente-se ao primeiro, que passa, a petulancia de reprehender com arrogante denodo o poeta, o talento, o grande homem, que, mais além, se reconhece digno das honras do capitolio[3]?
Ou é muito extravagante a tal boa sociedade, ou s. ex.ª está perfeitamente concorde com o sr. Anthero, e deve-lhe satisfação da affronta, caso lh'a não tenha já dado.
O que vale é serem estas cousas—não a expressão de um arraigado pensamento—mas, apenas, um culto prestado ás pompas do estylo.
Abria-se-me agora azo de as imitar, blazonando contra a natureza humana em geral, e, especificando, contra a natureza do sr. Ortigão.
Mas, como não sei, digo que préso a nobreza da minha alma e o meu pundonor de cavalheiro. E fica dissimulada a impericia.
Assim vae tudo.
O que realmente me parece digno de notar-se é que,{12} chafurdando em contradicções, tenha ainda folego o sr. Ortigão para as esmerilhar nos outros.
Atropelando desabridamente cortezia e conveniencias começa elle, em termos raivosos e empertigados, a explicar os motivos que levaram o sr. Anthero a louvar no opusculo—Dignidade das letras—o drama Camões do sr. Castilho, que anteriormente, na carta, lhe tinha espesinhado, com todas as obras, em verdadeiro furor de iconoclasta.
Com um pouco menos de apaixonado seria outra e mais decorosa a explicação.
Não concebo a critica sem reflexão e boa-fé. Quem poder dispor d'essas indispensaveis condições leia a carta—Bom-senso e bom-gosto, leia o opusculo; e confronte-os, depois de compulsados em separado. Então verá que nem ha sombras de contradicção.
O sr. Anthero entendeu que estavamos na idade de sacudir tutellas oppressivas; e disse-o, animando a revolta.
Se fez bem ou mal nada tenho com isso.
Na dicta revolta mediu a santidade do idolo pelos milagres feitos, pelas obras, que lhe formavam o pedestal; e não colheu senão—algaravia, estonteamento, banalidade, ninharia; palavras compridas, que deviam de assanhar philantropicos brios.
Mas isto, visto assim syntheticamente, em grande, não quer dizer que não houvesse possibilidade de descobrir-se pela analyse uma formosa baga de ouro num monte de pedregulho; um lado fresco e saboroso num pomo dessorado.
No caso presente havia essa possibilidade; e tanto é certo, que o sr. Anthero no seu segundo escripto, mais propenso á analyse, fez lisongeira e especial menção do drama Camões, que no primeiro tinha sido condemnado de envolta com a generalidade.
Considerou-o no que elle é, e não curou de indagar, como parece, se seria ou não seria original.
Ora nisto subiu de ponto a infelicidade do sr. Ortigão.{13}
O drama Camões—diz elle—é uma simples versão em que o traductor se apartou do original unicamente para lhe interpolar um auto, etc.
E serve-se d'este artificio para fazer cahir em falso os elogios, prodigalisados ao livro.
Mas, admittida tão arrojada proposição, a contradicção, a censurada contradicção, nem sequer fica sendo apparente, porque de todas as obras, que correm mundo com o nome do celebrado cantor da Primavera, foi exactamente essa, que lhe não pertence, a que alcançou os elogios.
A ser como o sr. Ortigão assegura, a que vem aqui a palavra—contradicção?
O elogio era então, quando muito, um medido sarcasmo.
E, se assim o interpretou o illustre critico, que nome inventaremos para o fazedor de taes, tão desazadas e feias piroetas na corda bamba de sua adoutadora phantasia?
Vejo-me obrigado a rematar em poucas palavras para não ser surprehendido pela madrugada no vergonhoso rabusco de materiaes, que têem o condão de fazer saltar aventesmas do mais perfeito interior do meu craneo. Vou pois concluir numa ligeira consideração.
Alcunha-se geralmente de abstruza, por esse douto paiz, a forma adoptada na escriptura pelos poucos mancebos, que tiveram o máo sestro de se fazerem litteratos em Coimbra.
O sr. Theophilo Braga, que, pelos dons do seu brilhante e vigorosissimo talento, obteria hoje, com os seus vinte annos, um dos mais nobres logares nos proprios paizes, como França e Allemanha, em que as artes e as sciencias constituem uma verdadeira religião, tem sido dos mais teimosamente mordidos. Tem sido alcunhado de abstruzo e arrevezado por quasi todos os que sabem emporcalhar com ferretes de tinta qualquer branca mortalha de cigarro. Que a dextra de um principe se acoste a amphora de ouro, perdida em escamas de esmeraldas e outras pedras preciosas, com a impossivel e picaresca tenção de nella sepultar e arrefecer{14} os impetos da milagrosa ebullição de ideias, que, alimentada pelo fogo sagrado do genio, jorra da mente do poeta, pode consentil-o o systema nervoso; mas, que a mão gretada de rabugento chanfaneiro ouse apegar-se, para o mesmo fim, a gordurenta panella de barro vil, é de acordar estremeções e gritos de lastima. Porque o fragil instrumento, estalando em estilhaços, ha de insculpir por força no rosto do sacrilego o unctuoso negrume dos mil fragmentos.
O dó substitue a ira nos que veem.
Não supponho inutil declarar que não vae ahi allusão a determinada pessoa. É outra, mais augusta, a missão da imprensa.
Condemnemos—como diria um orador parlamentar, que eu conheço—condemnemos as panellas, com toda sua garridice, a um ostracismo litterario. Desterremol-as para local, que lhe seja proprio. E levante-se mão d'isto por uma vez.
A nebulosidade, quanto a mim, se é reprehensivel na prosa em geral, tolera-se todavia naquella que, á laia de certas concepções de Egdar Quinet, reveste grandes pensamentos. E, em certo genero de poesia, quer-me parecer que até se torna necessaria.
Dante, Goethe, Hugo e mil outros, cujos nomes posso aprender em qualquer catalogo de livreiro, não são sempre accessiveis á—simples intuição do bello, que é, ignita em todas as almas bem formadas[4].
Se as palavras abstruzo, extravagante, que se catrafilassem ao nome de cada escriptor fossem uma reprovação, grandes reputações teriam de mergulhar no esquecimento.
Por mim, gosto de ver transluzir através de um véo, como mysterioso e encantado, as imagens, as concepções, os formosos sonhos do poeta; e estou quasi inclinado a crer{15} que ha sobeja e singular estulticia na cabeça, que pretender a poesia judiciosa como um artigo de fundo, e transparente como um vidro de lampadario.
M. Magnin nas suas Coseries litteraires prova, bazeado em estudos psychologicos, que a natureza da poesia, no momento de sua manifestação, est d'étre folle ou, tout au moins, de le paraitre—como elle mesmo diz.
Racine, o proprio Racine—falla M. Magnin—antes de suas audaciosas sublimidades virem a ser, com o tempo, a linguagem da razão, não se salvou da denominação de extravagante, que os espiritos prosaicos lhe davam prodigamente, nem, tão pouco, dos acerbos remoques dos que se persuadiam oraculos do bom-senso e do bom-gosto.
Não sei se isto terá todo o cabimento no caso presente.
A tua opinião, Castello-Branco?
Eu, se podesse ter opinião, havia de aproveital-a para me chegar a convencer de que estou com geitos de escorregar nos lanzudos braços do somnifero deos.
Surprehendido, com o desfecho, fazes-me naturalmente as seguintes perguntas:
—Então isto acabou?! Mas que significa isto? Que novos mundos queres desencantar com as farfalhices do teu arrazoado? Que intenção é a tua, além dos prazeres do mexerico?...
—Immortalisar-me, está visto—respondo eu, com a pressa de quem deseja asssignar-se
Teu amigo
A. do C.
Coimbra, janeiro de 1866.
[1] Litteratura d'hoje, pag. 16, 17, 18, etc.
[2] Obr. cit., pag. 15, 16, 17, 18, etc.
[3] Obr, cit., pag. 31.
[4] Litteratura d'hoje.
End of the Project Gutenberg EBook of Anthero do Quental, e Ramalho Ortigão, by Álvaro do Carvalhal *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK ANTHERO DO QUENTAL *** ***** This file should be named 32645-h.htm or 32645-h.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: https://www.gutenberg.org/3/2/6/4/32645/ Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. Special rules, set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you do not charge anything for copies of this eBook, complying with the rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose such as creation of derivative works, reports, performances and research. They may be modified and printed and given away--you may do practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is subject to the trademark license, especially commercial redistribution. *** START: FULL LICENSE *** THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free distribution of electronic works, by using or distributing this work (or any other work associated in any way with the phrase "Project Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project Gutenberg-tm License (available with this file or online at https://gutenberg.org/license). Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm electronic works 1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to and accept all the terms of this license and intellectual property (trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. 1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be used on or associated in any way with an electronic work by people who agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works even without complying with the full terms of this agreement. See paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic works. See paragraph 1.E below. 1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the collection are in the public domain in the United States. If an individual work is in the public domain in the United States and you are located in the United States, we do not claim a right to prevent you from copying, distributing, performing, displaying or creating derivative works based on the work as long as all references to Project Gutenberg are removed. Of course, we hope that you will support the Project Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with the work. You can easily comply with the terms of this agreement by keeping this work in the same format with its attached full Project Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. 1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of change. If you are outside the United States, check the laws of your country in addition to the terms of this agreement before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this work or any other Project Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning the copyright status of any work in any country outside the United States. 1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: 1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, copied or distributed: This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org 1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived from the public domain (does not contain a notice indicating that it is posted with permission of the copyright holder), the work can be copied and distributed to anyone in the United States without paying any fees or charges. If you are redistributing or providing access to a work with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted with the permission of the copyright holder, your use and distribution must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the permission of the copyright holder found at the beginning of this work. 1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm License terms from this work, or any files containing a part of this work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. 1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this electronic work, or any part of this electronic work, without prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with active links or immediate access to the full terms of the Project Gutenberg-tm License. 1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any word processing or hypertext form. However, if you provide access to or distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than "Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.org), you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm License as specified in paragraph 1.E.1. 1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided that - You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method you already use to calculate your applicable taxes. The fee is owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he has agreed to donate royalties under this paragraph to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments must be paid within 60 days following each date on which you prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax returns. Royalty payments should be clearly marked as such and sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the address specified in Section 4, "Information about donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." - You provide a full refund of any money paid by a user who notifies you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm License. You must require such a user to return or destroy all copies of the works possessed in a physical medium and discontinue all use of and all access to other copies of Project Gutenberg-tm works. - You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the electronic work is discovered and reported to you within 90 days of receipt of the work. - You comply with all other terms of this agreement for free distribution of Project Gutenberg-tm works. 1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE. 1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a written explanation to the person you received the work from. If you received the work on a physical medium, you must return the medium with your written explanation. The person or entity that provided you with the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a refund. If you received the work electronically, the person or entity providing it to you may choose to give you a second opportunity to receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy is also defective, you may demand a refund in writing without further opportunities to fix the problem. 1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance with this agreement, and any volunteers associated with the production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, that arise directly or indirectly from any of the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of electronic works in formats readable by the widest variety of computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at https://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at https://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email [email protected]. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at https://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director [email protected] Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit https://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: https://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: https://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.