The Project Gutenberg EBook of O passeio dos bardos ao Baldeador, by 
Floriano Alves da Costa

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Title: O passeio dos bardos ao Baldeador

Author: Floriano Alves da Costa

Release Date: February 15, 2008 [EBook #24619]

Language: Portuguese

Character set encoding: ISO-8859-1

*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK O PASSEIO DOS BARDOS AO BALDEADOR ***




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O PASSEIO DOS BARDOS AO BALDEADOR.

O PASSEIO DOS BARDOS
AO
BALDEADOR.

POR

FLORIANO ALVES DA COSTA.


Decoração da página.


RIO DE JANEIRO,
TYP. DE SILVA LIMA, RUA DE S. JOSÉ N. 8.
1848.


AO SEU PRECEPTOR

O ILLM. SR.

JOÃO DA COSTA FREITAS,

como tributo de gratidão

O. D. C.

Floriano Alves da Costa.




Folgam no campo os naturaes prazeres,
E a rustica alegria apraz aos Deuses.

Castilho--Primavera.

O PASSEIO DOS BARDOS AO BALDEADOR.

  Que se désse um passeio além das plagas
D'esta bella cidade do Janeiro,
Entre si dois amigos1 decidiram,
Dando d'est'arte distracção mais ampla
Ás tão communs fadigas do trabalho.
Foi então escolhido o amêno sitio
Que de Baldeador lhe dão o nome;
E já de antemão fruindo mil prazeres,
Descreviam na mente os dois amigos,
Os tantos regozijos que se gozam
No bello apreciar do bello campo,
Já contemplando a basta Natureza,
Já gostando real simplicidade,
Que difficil se encontra, ou não existe
N'esta nossa cidade populosa!

  Concebido o passeio, concordaram
Que no dia seguinte se embarcassem
Em direcção ao porto do Coqueiro,
De onde então a pé seguir deviam
Té o sitio por elles destinado,
Onde, diante só da Natureza,
Que n'esta nossa terra tanto sobra,
Resfolegar pudessem os enlevos
Que offerece o risonho panorama
Das montanhas, dos bosques, dos oiteiros,
Onde tanta poesia se reúne,
Onde a alma do Bardo se extasia,
No dôce meditar que o arrebata!...

  Gasto o dia anterior a esse dia
Em que tanto pensavam estes jovens,
Ao ponto destinado foram ambos
Afim de ahi a elles se juntarem
Mais dois amigos,2 que tomaram parte
No bello distrair d'este passeio,
Que tão grato prazer annunciava,
N'um folgar tão ridente. Ahi se achavam
Em breve reúnidos todos quatro,
Quando em meio era o dia do seu giro:
Almo prazer em todos respirava,
Deu-se a voz da partida, eil-os s'embarcam.

      Em sujo batel da roça,
      De cargas todo tomado,
      Entraram os quatro amigos
      Qual em pensar mais ousado:
      Cada um já assentado
      Contemplava o borborinho
      Que se fazia sentir
      No tão pequeno barquinho.

      De vinte quatro pessôas
      Já elle tomado estava;
      Mulheres, homens e cargas
      Tudo mal se acommodava:
      Entretanto, a tudo dava
      Maior graça, mais acção,
      Os ditos que proferia
      Do tal barquinho o patrão.

      Este, assentado na pôppa,
      Tomando do leme conta,
      Para seguir a viagem
      Bem galhardo já se aprompta:
      A prôa do barco aponta
      Para o sitio desejado;
      Soltam-se as vélas e vê-se
      Já o ferro levantando...

        O vento a favôr
        Que então se agitava,
        No barco empregava
        Toda actividade,
        Que em breve a cidade
        Nos fez tão distante,
        Que olhar penetrante
        Não mais descobria.

        Na vasta bahia
        Então nos achámos,
        E a vista espraiámos
        Em seus arredores:
        Os bellos verdores
        Das ilhas formosas,
        Serras alterosas
        Fomos contemplando.

        Fomos desfructando
        Todo o panorama,
        Que assaz se darrama
        N'esta bella terra,
        Aonde se encerra
        Tanta poesia,
        De noite e de dia,
        Em todo o lugar...

      N'estes bellos contemplar
      Todos engolfados iam,
      Que nem ao menos sentiam
      Do sol os ardentes raios.

      Tal era o contentamento
      Que a todos dominava,
      Em tudo graça se achava,
      Tudo era riso e ventura.

      Esquesitos pensamentos
      Pelo patrão emittidos,
      Feriam mais os sentidos
      Da bella reunião.

      Pois ninguem mais desejava
      Do que nós, se divertir;
      Em todos, dôce sorrir
      Ineffabil se mostrava.

      Entanto o activo vento
      Mais e mais se redobrava,
      O barco quase voava
      Impellido pela força;

      Té que tanto foi crescendo
      E a tal ponto se elevou,
      Qu'em breve se rebentou
      Uma das duas escôtas.

      Aos gritos de--férra a véla--
      A risada foi geral,
      Fazendo-se mais cabal
      O nosso divertimento.

        E em taes brincos
        Nos engolfando,
        Fômos passando
        Toda a bahia.

        Em todos, prazer
        Se manifestava,
        Em todos reinava
        O contentamento,

        E em complemento
        A dôce alegria
        De todos se via
        No rosto expressar.

        De tantos enlêvos
        Foi o só motôr,
        O Baldeador
        Já tão desejado!

      E tudo já tendo
      Bem analisado,
      Conforme o ensejo
      Nos foi permittindo,
      De--terra--uma voz
      Se deu, e nós todos
      Do barco da roça
      Nos fômos saindo.

      Então avistámos,
      Mesmo á nossa frente,
      Um alto coqueiro
      Já envelhecido,
      O qual nome deu
      Ao porto, que achámos
      De curta extenção,
      Mas appetecido.

      Pequenas casinhas,
      Em numero breve,
      De tôsco trabalho,
      Sem ordem alguma,
      Postadas em fila
      Ao longo da praia...
      Do Coqueiro o porto
      Este é, em summa.

E já em terra todos, espraiamos
A vista ao derredor do porto ameno;
Tudo n'elle animava, e assaz se via
A Natureza em tudo derramada
N'este sitio tão bello e pitoresco.
Aqui, de uma janella se mostrava
Como que a mêdo a púdica donzella;
Ali, o ancião curvado de annos
Desfructava do porto a vista bella;
Estes, debaixo dos tamarinheiros,
Que em frente ás casas ficam, junto á praia,
Abrigados do sol, se distraiam
C'os novos viajôres que saltavam....
Oh! como é bello o habitar bem longe,
Bem longe, das cidades grandiosas!
Ali, a Natureza em toda a parte,
Nos homens e animaes, na flôr, nas hervas,
Nas casas, nos costumes dos seus povos;
Aqui o luxo e o estridor dos carros
D'esses grandes do mundo... e o labyrinto...
Tudo é confusão, tudo é buliço....

  Oh! como é bello o habitar bem longe,
Bem longe das cidades grandiosas!
Desfructa-se do campo almos prazeres,
No campo o home'em tudo s'extasia!...

      E ahi nós tendo
      Pago ao patrão,
      E as nossas malas
      Tendo na mão;
      Dôce espanção
      Dêmos á vista,
      Pois que no porto
      Nada contrista.

      A estrada fômos
      Depois tomando,
      Que em frente 'stava
      Se nos mostrando;
      Fomos caminhando...
      Por todo o passeio
      Tudo era alegria,
      Tudo era recreio.

    E a casa avistámos, emfim,
    Que pôz cabo á viagem comprida;
    N'ella, a simplicidade esculpida
    Nós achámos, no aspecto singelo.

    Isolada n'um campo, onde finda
    Mui custosa ladeira, escarpada,
    Sem abrigos ao vento, assentada
    Nós a vimos, e pois a saúdamos.

    Oh! então a alegria se fez
    Dignamente expressar em nós todos;
    O contento se via nos modos,
    Nas acções, nas palavras, nos rostos.

    Já da casa as pessôas se apinham,
    E contentes nos vêm receber;
    Seus olhares expressam prazer,
    Tudo é natureza e bom grado.

      A cancella transpuzémos
      E na casa nos achámos;
      Declinava o sol então,
      E á mesa nos sentámos,

      Pois da fome já em nós
      O effeito era sentido;
      Bem depressa devorámos
      O que então nos foi servido.

        E tudo acabado
        Deixamos a mesa;
        Fômos logo vêr
        Do sitio a belleza.

  Na casa, pois, frequencia limitada
Nós tivemos, porque sómente o bosque,
O caminho, de matos abastado,
A si nos atraiam por um modo
Bem custoso de assaz o expressarmos:
Ahi, sob uma arvore frondosa,
Qual é a do Brasil bella mangueira,
A sombra desfructava-mos contentes
A mais dôce emoção de almos favôres,
Quaes os que a Natureza ha concedido
A este nosso paiz de primavera!

  O regato que foge mansamente,
Em seu curso contínuo, murmurando,
Que após si as arêas e as pedrinhas
Leva, no deslisar do seu caminho;
O meigo sabiá, terno ao ouvido
Quando a sua canção gorgêa alegre;
O alvi-negro colleiro, cujo nome,
Amplamente lhe expressa a apparencia;
O serrador, passarinho, que n'um galho
Sempre pulando, arremedar parece
Da serra o exercicio na madeira;
O veloz beija-flôr, esvoaçando,
E no ar se retendo, p'ra d'est'arte
Melhor fruir da flôr o doce succo;
A leve mariquita, a borboleta,
De lindissimas côres matizada,
Que nos deleita a vista, e em nós desperta
O poder vasto do Arbitro do Mundo....
Tudo isto para nós era um portento,
Tudo em nós era grande! e este espetac'lo
Bem longe de encontrarmos nas cidades,
Nós juntos contemplámos, enlevados,
Bebendo a longos tragos gozos tantos,
Quantos pódem fruir peitos amigos,
Que unidos desde a infancia, se engolfavam
Agora meditando n'estas obras
Tão grandes, tão sublimes, da Natura:
Dois peitos, que da idade dos errores
Saíram, para entrar na dos pensares,
Sempre juntos, e sempre alegres, dando
Mais um culto á Amizade, a cujo throno
De per si elles mesmos se elevaram,
Quando dos annos no verdôr brincavam,
Quando suas idéas similhantes
Pouco longe avançavam dos limites
Prescriptos a idades tão nascentes....

--Era pequena arvore plantada,
Por mão á experiencia pouco affeita,
Para depois seus ramos alongando,
Chegar ao crescimento precisado
E offerecer o sazônado fructo:
Essa arvore crescida é já bastante,
E o fructo seu gozamol-o mutuamente.

      Assim meditando,
      Do dia primeiro
      Passamos o resto:
      E quão lisongeiro
      Nos foi tal deleite,
      O ar respirando
      Do bosque, tão puro!
      Até que escuro
      Tornando-se o dia,
      Não mais se podia
      Do Baldeador
      Os sitios notar.

    E então para casa nos fômos
    Muito prestes todos reunir,
    E ahi conversando, tivemos
    Varias coisas com que distrair.

    Referimos, por tanto, o que achámos,
    E o que vimos de mais agradavel;
    Para nós tudo era sublime,
    Tudo era bem admiravel.

        E parte da noite
        Assim nós passando,
        Depois a findamos
        O solo jogando;

        Pois fóra da côrte
        De noite, o passar
        É máo, não havendo
        Um bello luar.

        E foi justamente
        O que aconteceu;
        O jogo, por tanto,
        Logo appareceu.

  Alta era a noite quando repoisámos
Os já bastante fatigados membros;
E ainda assim achava-mos bem curto
O espaço que tivemos n'esse dia
Para vêr tudo, tudo apreciando;
Pois a noite tomou-nos pressurosa
Na nossa digressão tão animada,
Tão cheia de elevados pensamentos!
O dia desejava-mos que em breve
Nos viesse fazer deixar os leitos:
E a estes desejos, que do peito eram,
Fazia-mos juntar os promenores
Dos passeios que, ao nascer d'alva,
Havia-mos de dar; pois que nós ambos
Idéas possuindo assaz ardentes,
Parecia-nos pouco tudo quanto
Á nossa vista se nos amostrasse!

  Mas ah! que em face de desejos tantos
Tivemos de ceder bem humilhados,
Não mais cuidando da manhã seguinte
Nos passeios que havia-mos pensado!
Oh! que a noite tornou-se bem espessa!
O trovão foi ouvido.... e após momentos
Manifestou-se a chuva em abundancia!...
Tudo foi instantaneo; incontinente
A tristeza se fez igual em todos,
Grande parte cabendo aos jovens Bardos
Que infructifero viam o passeio.
A chuva foi annuncio de má nova:
A chuva distruiu quantos projectos
Se tinham feito do passeio ao campo.
E ambos de tristura possuidos,
A nada atingiam mais, senão o como
Na roça passariam hinvernados.
Todos, n'estes e n'outros pensamentos
Pouco e pouco nos fômos entregando
Ao mole somno, a que emfim cedemos
Da chuva ouvindo o susurrar monotono.

  O repoisar foi breve, que avançada
Já era a noite, quando adormecêmos!

  Do dia apenas se mostraram raios
Pelas frestas da casa, dispertámos,
Para depressa o leito abandonarmos,
Para nos embrenhar no espesso bosque;
Pois que por cumulo de felicidade
O dia se tornára tão brilhante,
Como se não houvesse antes chovido.

  Bem dissemos o céo, do céo em face,
Admirados de prodigios tantos,
Tomando por favôr d'alta valia
Esta mudança, assaz inexperada!
Só de Deus a vontade omnipotente
Tornar nos fez alegres, quando antes
Em triste meditar eramos todos.

  Procurámos então do rio as graças
Para aos nossos passeios dar comêço:
D'elle, á margem sentados, nossas vistas
Tão ávidas de encantos, espraiámos
Pelos contórnos todos.... quão sublime
Se nos mostrou então a Natureza!...
A par da solidão tão agradavel,
Qual a do campo ao despontar da aurora,
Gozava-mos prazeres eminentes
Tudo gostando e tudo admirando!
Oh! como é bello o habitar bem longe,
Bem longe das cidades populosas!
Como é dôce ao nascer da manhã clara
Ouvir o meigo canto dos volateis
Tão lindos, tão gentis, da nossa terra!
E estes, o seu gorgeio modulavam
Como o hymno cadente offerecido
Ao no céu e na terra omnipotente,
Ao Deus Senhor dá basta Natureza!
Assim elles saúdavam bem contentes
O despontar do dia magestoso
Que, como nós, talvez não esperassem!
Saúdavam do Senhor a só grandeza
No lédo gorgeiar tão innocente!...

  O verde bosque, a relva rociada;
O cantico das aves, tão saúdoso;
O ar tão puro da manhã serena,
Do adusto sol ainda recatada;
As arvores frondosas, verdejantes,
Em fim, a Natureza admirámos
N'estes e n'outros quadros bem tocantes!
Oh! que o sabio pincel na mão do homem,
Inda tocando do sublime a méta,
Jámais póde imitar grandeza tanta!
Uma empresa tamanha não lhe é dada:
Feitura d'estes quadros, Deus somente
Em Sua Omnisciencia fazer póde!!..

        E assim meditando
        Na vasta Natura,
        As nossas idéas
        Pareciam ser
        Uma só factura.

        Amámos do campo
        A magna belleza;
        Amámos dos bosques
        A tanta soidão,
        Tanta singeleza!

      Enlevados gozámos assim
      A mais terna, a mais dôce emoção,
      Engolfados em idéas que, juntas,
      Pareciam de um só coração!

      Pareciam de um só coração
      Os enlevos de almas tão dadas;
      E as nossas acções se formavam
      No pensar mais profundo escudadas.

  Taes eram as delicias que tornavam
Nossas almas assaz extaseadas,
E sempre assim, jámais tempo perdemos,
Tudo quizemos vêr, e tudo vimos!

  Longas estradas, de abastado mato
Orladas na extenção indefinida,
Cortadas de outras tantas, que conduzem
Os viandantes a diversos pontos,
Ora direitas, ora tortuosas,
Alteadas aqui, ali suaves,
Irregulares todas, e de rios
Ás vezes atalhadas; estas estradas
Tão solitarias sempre, e só deixando
Ouvir a intercalada melodia
Dos tantos plumi-varios passarinhos;
D'estas estradas percorrêmos parte,
E apenas encontrávamos de espaço
Cavalgaduras guiadas por seus donos,
Que desciam ao porto, conduzindo
Os cereáes, productos recolhidos,
Das lavouras além d'esses lugares.

      E os poucos passageiros
      Que encontrávamos, mostravam
      Um caracter bem civil,
      Bem cortezes nos saudavam.

      Ás vezes alguma coisa,
      Só por curiosidade,
      Inquiriamos, e sempre
      Respondiam com bondade;

      Perguntando ora o destino
      De tão diversas estradas,
      Ora as distancias, o fim,
      E as respostas eram dadas.

  Eis emfim já descripto quase tudo
Quanto fizemos, quanto de agradavel
Achámos no Baldeador, no biduo espaço,
Em que tantos prazeres desfructámos
No bello apreciar dos bellos campos;
Porém inda é forçoso que se digam
Duas palavras mais, p'ra concluir-se
O trabalho expontaneo á que propuz-me.

  Á esquerda da estrada e pouco antes
Da casa, onde passámos estes dias,
E aonde recebemos os mais puros
Gazalhado e franqueza permittidos;
Esguardámos mui simples fontesinha
Abandonada ahi ao tempo--a tudo.
Ao passarmos por ella, contemplámos
Como triste e sósinha dimanava,
E apreciámos n'ella a Natureza,
Quão prodiga em seus bens offerecia
N'aquella sua obra, tão propicia,
O dôce refrigerio ao viandante,
Libando a cristalina e pura lympha;
Mas, faltava-lhe o meio que fizesse
Chegar a tanto a sua utilidade,
Pois que em breve bacia pedregosa
A lympha de cristal se concentrando,
Deslisa-se depois, á par seguindo
Por junto do caminho, ao morro junto.
Ententámos, portanto, para ella
Dos tantos cuidados nossos, uma quota
Dedicar, e o fizemos promptamente;
E, tanto quanto coube em nossas forças,
Empregámos, e após edificou-se
Pequeno chafariz que foi por ambos
Erigido em memoria do passeio
Que fômos dar a tão jucundo sitio!

  Nenhum merito existe n'esta obra,
Que é trabalho imperfeito, e não permitte
A duração dos sec'los, desejada;
Porêm n'ella quizémos tão sómente
Chamar a attenção do viandante
A contemplar o monumentosinho
Em que (nos divertindo) offerecemos
Util serviço áquelles que o quizessem.

  Este nosso trabalho foi saudado
Por juizos sensatos, em que viam
Distracção tão sómente de dois jovens;
Porêm, a par das bôas intenções,
Vinha tambem o genio malfazejo,
Que nada podendo vêr de utilidade,
De tudo distruir se regozija:
E o nosso chafarisinho, tão humilde.
Soffreu a distruição que almas mesquinhas,
Por dôce galardão, lhe offereceram!...
Toda a sua belleza reduziu-se
Ao primitivo estado, e a pobre fonte
Deslisa agora humilde, como d'antes,
Por junto do caminho, ao morro junto!

        E agora nem mais
        Existe um signal,
        Que indique á quem passe
        Um trabalho tal.

        Que a pobre, coitada!
        Soffreu, como tudo,
        Do genio do mal
        O mesquinho estudo.

        Embora quizesse
        Seu garbo ostentar,
        Por força lhe havia
        O mal atacar;

        Pois este contagio
        Em tudo se vê;
        Remedio não ha:
        Tambem, para quê?

        Sublimes colossos,
        Obras grandiosas,
        Nada pois resiste
        As furias damnosas.

        E a pobre, coitada!
        Soffreu, como tudo,
        Do genio do mal
        O mesquinho estudo.

        Agora, nem mais
        Existe um signal,
        Que indique a quem passe
        Um trabalho tal!...

  E dois dias passámos, bem contentes,
N'estas e n'outras distracções tão ternas,
Que á penna e á idéa nos escapam:
Dois dias, que talvez bem tarde, ou nunca,
Teremos de gozar, como esses dias,
Em que tanta amizade se reúna,
Casadas no pensar dos jovens Bardos.
Tantas recordações, enlevos tantos,
Assaz nos preoccupam inda, e damos
Largas ao pensamento, cogitando
Uma por uma as scenas de que fômos
Tão gratas testemunhas; e uma por uma
Tão intimas idéas vem, dos Bardos,
Poisar junto das bellas reflexões.

  Oh! salve dias felices tão formosos!
Salve, ó Baldeador, a nós tão caro!
Tua imagem jámais será riscada
Das nossas recordações, assaz sinceras!

        E quando era a tarde
        Já adiantada,
        E já nossas malas
        Stando preparadas,

        Então terno adeus
        Dissemos, saúdosos,
        Do Baldeador
        Aos sitios formosos:

        Á toda a familia
        Com quem nos achámos,
        Nossa gratidão
        Assaz penhorámos;

        Pois ampla franqueza
        Nos foi offertada,
        Desde que no sitio
        Fizemos entrada!...

  Tomando emfim a estrada, a pé seguimos,
Contristados bastante das lembranças.
Despertadas em nós a cada instante
Que o Baldeador nos recordava,
E assim andando sempre, era já noite
Quando na joven Nictheroy entrámos,

        Onde embarcados
        O már passámos,
        E assim chegámos
        Á vasta côrte.

  E d'ella já em terra, pressurosos,
Buscámos nossos lares, já pensando
Que um dia depois entrar deviamos
Nas tão communs fadigas do trabalho!

....................................

  Foi assim o passeio terminado
Que será para nós sempre lembrado.

FIM

1 Lourenço Maximiano Pecegueiro e o autor.

2 Dionisio Dutra Corrêa e Evaristo Augusto da Silva.






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Floriano Alves da Costa

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through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the
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     the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method
     you already use to calculate your applicable taxes.  The fee is
     owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he
     has agreed to donate royalties under this paragraph to the
     Project Gutenberg Literary Archive Foundation.  Royalty payments
     must be paid within 60 days following each date on which you
     prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax
     returns.  Royalty payments should be clearly marked as such and
     sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the
     address specified in Section 4, "Information about donations to
     the Project Gutenberg Literary Archive Foundation."

- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies
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     License.  You must require such a user to return or
     destroy all copies of the works possessed in a physical medium
     and discontinue all use of and all access to other copies of
     Project Gutenberg-tm works.

- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any
     money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
     electronic work is discovered and reported to you within 90 days
     of receipt of the work.

- You comply with all other terms of this agreement for free
     distribution of Project Gutenberg-tm works.

1.E.9.  If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
electronic work or group of works on different terms than are set
forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark.  Contact the
Foundation as set forth in Section 3 below.

1.F.

1.F.1.  Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
collection.  Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
works, and the medium on which they may be stored, may contain
"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
your equipment.

1.F.2.  LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
liability to you for damages, costs and expenses, including legal
fees.  YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
PROVIDED IN PARAGRAPH F3.  YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
DAMAGE.

1.F.3.  LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a
written explanation to the person you received the work from.  If you
received the work on a physical medium, you must return the medium with
your written explanation.  The person or entity that provided you with
the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a
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providing it to you may choose to give you a second opportunity to
receive the work electronically in lieu of a refund.  If the second copy
is also defective, you may demand a refund in writing without further
opportunities to fix the problem.

1.F.4.  Except for the limited right of replacement or refund set forth
in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.

1.F.5.  Some states do not allow disclaimers of certain implied
warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
the applicable state law.  The invalidity or unenforceability of any
provision of this agreement shall not void the remaining provisions.

1.F.6.  INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
with this agreement, and any volunteers associated with the production,
promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works,
harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees,
that arise directly or indirectly from any of the following which you do
or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.


Section  2.  Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of computers
including obsolete, old, middle-aged and new computers.  It exists
because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come.  In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
and the Foundation web page at http://www.pglaf.org.


Section 3.  Information about the Project Gutenberg Literary Archive
Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service.  The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541.  Its 501(c)(3) letter is posted at
http://pglaf.org/fundraising.  Contributions to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
permitted by U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
throughout numerous locations.  Its business office is located at
809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
[email protected].  Email contact links and up to date contact
information can be found at the Foundation's web site and official
page at http://pglaf.org

For additional contact information:
     Dr. Gregory B. Newby
     Chief Executive and Director
     [email protected]


Section 4.  Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment.  Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States.  Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements.  We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance.  To
SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
particular state visit http://pglaf.org

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States.  U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses.  Donations are accepted in a number of other
ways including checks, online payments and credit card donations.
To donate, please visit: http://pglaf.org/donate


Section 5.  General Information About Project Gutenberg-tm electronic
works.

Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm
concept of a library of electronic works that could be freely shared
with anyone.  For thirty years, he produced and distributed Project
Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.


Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
unless a copyright notice is included.  Thus, we do not necessarily
keep eBooks in compliance with any particular paper edition.


Most people start at our Web site which has the main PG search facility:

     http://www.gutenberg.org

This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
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